
Por Jaqueline Bueno e Suely da Silva Lima
Foto: Jaqueline Bueno
Em um telefonema, numa fala firme porém desconfiada, a vendedora de pastéis passou as primeiras informações necessárias sobre a Associação dos Feirantes de Assis e Região e pediu para marcamos um encontro.
Às 15h, horário em que ela estaria teoricamente desocupada, na Rua Antônio Luciano Gomes, em uma casa em reforma onde não se podia ver o número, foi identificada porque “fica em frente ao 565, é o
Edneide Dalle Vedove, tem 46 anos, é casada e teve o seu segundo filho aos 40. “Senti uma bolinha do lado da barriga. Como eu sempre estive com sobrepeso, não percebi. Fui ao médico, contei o que estava acontecendo e ele disse que era para já fazermos a ‘ultrasom’. Estranhei, mas fiz. Ele virou a tela da máquina para mim e disse que eu estava de quatro meses.”
Diego está com seis anos e em 2010 vai para a primeira série. Ele é irmão de Rogério de 25 anos que cursa Administração e acabou de ganhar um concurso interno da faculdade, junto com os colegas, como a melhor criação de uma empresa.
Para cuidar dos filhos e conseguir construir a casa, Edneide sempre teve o apoio do marido, Roberto. Eles começaram vendendo verduras na feira. Depois, o marido conseguiu um emprego numa empresa de médio porte e ela não quis ficar parada. Decidiu continuar na feira, mas resolveu trabalhar com algo que ela já sabia fazer e foi vender pastéis. Aprendeu a dirigir e “começou a se virar”. Nesse meio tempo, o marido ficou desempregado e ela não parou.
Com 1 mês de vida, Diego ficava com uma conhecida de Edneide, que recebia R$10 pela ajuda. Quando chegava a hora de amamentar, a mulher levava o bebê na feira para a mãe. “Os clientes já sabiam, daí eu parava um pouco de atender e ir dar leite para ele”, conta com um brilho nos olhos e um sorriso estampado.
Hoje, a vendedora de pastéis tem dois funcionários que a ajudam aos domingos. Assumiu, voluntariamente, a tesouraria da Associação dos Feirantes e chora ao dizer que apesar dos problemas, ama o que faz. “Eu fico emocionada, porque mesmo algumas pessoas desconfiando de mim e do meu trabalho, eu acredito no que eu faço e acredito nos amigos que tenho na feira”.
Ela participa de quase todas as feiras e fatura por dia cerca de R$400. Trabalha como feirante há 19 anos e não pensa
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