Basta um ângulo diferente, uma luz atraente e uma visão distorcida deste mundo que nos coloca limites. Em segundos, descobre-se uma nova vida, uma nova pessoa, um novo poema através de um olhar, o meu olhar!
29/12/2010
29/11/2010
Inerente ao ser humano
13/10/2010
29/09/2010
28/09/2010
Não há milagres
06/09/2010
A vida é assim
20/08/2010
16/08/2010
13/07/2010
Cadê a minha fé?
05/07/2010
22/06/2010
Na terra do futebol tudo é compreendido
01/05/2010
Uma maneira para vivermos melhor
Não acho que possa ser entendida como dó, nem como pena de alguém, pois com ela é possível encontrar um equilíbrio e você passa a entender muito melhor o outro.
Para entrar em contato com este grupo envie um e-mail para ana.marta.alvares@gmail.com ou ligue: (18)97085621
26/04/2010
Fábrica da Leitura e Coletivo VIDA promovem 1º EducaVEG
19/04/2010
Sete de abril
Hoje é o dia do jornalista e eu queria tanto escrever algo sobre a profissão, contar histórias, relatar fatos, fotografar, registrar, rascunhar, mas decidi parar um pouco e refletir sobre a profissão escolhida por mim.
Sucumba à tentação
As histéricas de plantão poderão dizer que apesar de conter tudo isto, o chocolate é altamente calórico. E daí? Na vida tudo deve ser moderado, por isso basta ter bom senso. Afinal, quantas ‘porcarias’ comemos ao longo da nossa vida. Uma vez pelo menos, eu recomendo. Depois é só dar uma corridinha, fazer uma caminhada. Se isso ainda não for hábito, quem sabe pode mudar.
Contradições e devaneios
Por Jaqueline Bueno
Por mais que você faça planejamentos, a vida sempre te surpreende e te mostra que o momento não é aquele. Por mais que você se esforce e passe anos se dedicando a uma única ação, mesmo tendo outras em paralelo, mas faz daquela a primordial, a vida sempre sopra no seu ouvido sobre não pensar muito naquilo.
As pessoas vivem dizendo sobre direcionar pensamentos e despender energias para determinada coisa, porém quando você tem a convicta certeza sobre a sua realização, sempre tem mais a frente.
Você passa quase toda a sua existência fazendo e mantendo contatos – faço uso do gerúndio para perceber quão movimentada é nossa vida, quão cíclica ela é e como passamos a nos importar com isso apenas quando ela parece estática – e no final quantas desses milhares de pessoas passam por você e sorriem, ou falam um bom dia educadamente e sem pressa, ou tentam salvar uma vida, não a sua, mas a de alguém que tanto precisa?
Encontrar o equilíbrio para alguns pode parecer fácil, só que não é bem assim. Administrar família, carreira, amizades e amores tem sido uma tarefa um tanto árdua para muitos. Mas isso não justifica os atos, pois o caráter é moldado ao longo das primaveras e as experiências e reflexões pelos outonos.
Durante todas as estações buscamos nos tornar mais humanos, sensíveis, presentes e tentamos encontrar oportunidades para seguirmos o caminho correto. No final, percebemos que as cores das flores, a melancolia das folhas secas, a rigidez do vento gelado e o calor dos dias passam por nós com uma insignificância tamanha; as pessoas também. Mas nós podemos mudar isso.
Ideologia, um fator de ordem
Por Jaqueline Bueno
A indústria cultural cria necessidades e as ações vindas dela são bem planejadas para as pessoas acreditarem que se estão consumindo algo é porque precisam e não porque lhe impuseram aquilo. Assim tornam-se servis aos seus comandos, movem-se conforme as regras, alienam-se e submetem-se a horas de desperdício de tempo pelo “falso prazer”. Não exercem, de fato, a sua liberdade e se privam de conteúdos enriquecedores, levando a uma visão cada vez mais reducionista e materialista imposta pelo capital, pelas disparidades sociais, culturais e econômicas.
A ideia de ordem e progresso é ideológica, pois não é possível ordenar uma sociedade baseada no imediatismo, no efêmero e muito menos haver um progresso significativo em que a dignidade humana não é colocada em prática.
O filme “Cama de gato” contrapõe essa indústria cultural de caráter político, econômico e social – nessa ordem – que desapropria o saber. Este filme, realizado com uma verba mínima se comparado às produções Hollywoodianas, levanta questões como a violência gerada por uma sociedade excludente, de aparências. Discute ainda a relação entre as pessoas, a falta de ajuda mútua, de controle e de limites. E aponta como uma educação sólida e solidária, com princípios e metas, modifica o pensar e o agir, sem propiciar vantagens apenas “aos mais potentes interesses”, além de apresentar as consequências de atos impensáveis.
A chamada estandardização - padronização dos gostos - é planejada e, intencionalmente, gerada para levar ao consumo, pois quanto mais pessoas consumirem a mesma coisa, haverá menos discussões em torno dessa coisa. Essa falta de consciência leva aos problemas vividos atualmente, como por exemplo, o aumento no índice de pessoas obesas com níveis culturais e financeiros baixos, pois como afirma o pediatra Alessandro Danesi, “comida ruim é barata”.
De acordo com resultados das pesquisas do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília (UnB), apresentados na edição de novembro/2009 da Revista Brasil, “71,6% dos alimentos anunciados na TV são: fast food, guloseimas e sorvetes, refrigerante e suco natural, salgadinho de pacote e biscoito doce ou bolo; e 73,1% dos produtos estão prontos para consumo – a maioria em gordura, sal e açúcar”. Neste caso, não importa a qualidade, mas a aparência e a máxima de que se fulano usa ou consome, terei que usar e consumir para me sentir aceito socialmente e ainda porque não exigirá muito de mim.
Felizmente, se se diz que o “mundo quer ser enganado” teremos que concordar em partes, pois há pessoas deixando de curva-se para o monopólio da indústria cultural e buscando subsídios para que todos percebam a importância de incorporar o espírito de criticidade e de liberdade oportuna
O que é ser rondonista?*
Durante todo o percurso da viagem transpusemos barreiras... Abrimos mão de manias, superamos medos, dividimos o que outrora nos era indivisível.
A realidade nua e crua da vida de outras pessoas abriu a nossa mente para além das nossas próprias vontades e nos permitiu ver que não estamos aqui apenas para seguir caminhos individualizados, tão somente para formar multiplicadores. A bem da verdade, se surgirem multiplicadores será mérito único e exclusivamente dos moradores da comunidade.
Estamos aqui porque somos o futuro. Somos os próximos a fazer leis... A gerir a economia, a saúde, a educação... A escrever as notícias dos jornais, a direcionar as relações externas brasileira, a dirigir as políticas de proteção ambiental, a gerenciar indústrias, desenvolver as pesquisas tecnológicas... Enfim, somos os próximos a presidir este país.
E como faremos tudo isso se não conhecermos a fundo a realidade e os anseios do povo brasileiro?
É óbvio que com essa experiência não conhecemos a maior de todas as necessidades desse povo tão imenso e diversificado. Entretanto, podemos afirmar uma coisa, nada é como nós imaginávamos. A noção de realidade mudou, expandiu um pouquinho mais e certamente nos tornamos mais do que rondonistas, mais do que formadores de multiplicadores, mais do que humanos sensíveis... Nos fundimos ao nosso povo e nos tornamos realmente BRASILEIROS!
Este RONDON já está acabando. Estamos voltando para a correria do dia-a-dia, junto com nossos familiares e amigos. Mas certamente valeu muito cada segundo dessas duas semanas em PARAÚNA.
Todos os abraços, olhares e palavras que recebemos, as novas amizades que firmamos, a dedicação e o companheirismo do nosso querido anjo Neves... Verdadeiro instrumento de Deus, um ser humano exemplar e inesquecível... Tudo irá nos acompanhar eternamente.
E sem dúvida, quando formos os líderes deste país não tomaremos as decisões pensando apenas em nossa individualidade, mas também e principalmente naqueles que nos ensinaram muito mais do que aprenderam.
O lado negro
Por Jaqueline Bueno
Hoje eu acordei com uma vontade danada de voltar para casa. Na verdade, dormi pensando nisso. Quase sessenta mulheres dividindo o mesmo espaço. As camas estão enfileiradas, de frente umas com as outras, as luzes estão enfileiradas, as vidas também. Este é um dos motivos que me faz querer sair correndo daqui.
Estou experimentando uma cegueira que atinge o íntimo, tateia a individualidade e procura o que antes era real. A sensação é de estar num outro país, com uma cultura completamente distinta. A língua é a mesma, mas a linguagem é completamente diferente. Isso se chama Brasil, como os soldados gritam por aqui e completam: “Acima de tudo”.
Neste espaço as crenças e os valores se cruzam e se confundem. E assim como as camas, as luzes e as pessoas, comecei a pôr em fila também as minhas vontades e refleti sobre as minhas atitudes.
Estou há duas noites dormindo em um beliche, numa cama em cima de uma companheira de viagem. A garota estuda na mesma faculdade onde conclui minha graduação, nunca nos encontramos e agora precisei ensiná-la o valor de um simples ‘’por favor” ou “obrigado”. Esses ensinamentos eu trago de casa, o lugar para onde quero muito voltar; ela os levará para lá.
Momentos estranhos e inesquecíveis estou passando num quartel onde se é acordado às 5h50 com tiros e bombas na janela e com as notas musicais dos instrumentos dos soldados. Coisas raras, como todas as pessoas nesse metro quadrado repleto de cores branca, verde e marrom.
Se já valorizava a minha vida ao lado das pessoas que amo, como minha família, meus amigos e o povo da minha terra, agora passei a adorá-las, honrá-las e a agradecê-las por serem como eu e por me ensinarem a respeitar as diferenças, sem importar a situação.
Apesar de tudo, nesse momento deitada em uma cama que não é minha, com um travesseiro que não é meu e com pessoas que não me pertencem, acredito ainda mais na força de cada um, acredito no ser humano.
*O texto foi escrito durante a viagem do Projeto Rondon que aconteceu de 22 de janeiro a 08 de fevereiro de 2010.
Numa rua logo ali - Parte 1
A confusão de vozes, a mistura de cores fazendo a visão se perder e logo buscar um novo foco, a diversidade de cheiros, o aroma adocicado das frutas junto com o cheiro de fritura, do tipo que se sente na casa da vó. Muita gente. Muito riso.
- Essa é da boa.
- Doce de sidra...
-Olha, escureceu!
- Quanto tá esse tomate?
- R$3,00.
- Hum... o limão tá grande.
A alegria não está só nas pessoas, mas também nas cores vivas das lonas cobrindo as barracas, nos cones plásticos listrados demarcando o espaço. A placa amarela que identifica o local fica encostada perto de um matagal atrás da primeira banca à direita. Desnecessária.
Em Assis, no trecho conhecido como Travessa Sorocabana, onde as ruas Floriano Peixoto e 11 de junho se confundem, é um ponto de encontro onde não se marca encontro. Aqui é obrigatório andar a pé aos domingos de manhã. Sem pressa, as pessoas se ‘acham’ casualmente, fazem novos amigos, descobrem novos sabores e aproveitam o tempo sem culpa, nem preocupações.
Com um certo gingado, de 28 anos de feira, laranja e faca nas mãos, o cândido-motense Josué vem cuspindo sementes e falando muito com o seu chapéu de lona na cabeça e um sorriso engraçado. “Minha casa, meu carro consegui com o dinheiro daqui, tudo o que eu tenho”, explica enquanto aponta para as abobrinhas, os tomates e outros legumes que ficam na sua barraca em uma das extremidades da feira, na entrada.
Entre os feirantes, Josué é conhecido como um dos sortudos da rifa. Os prêmios sempre são frangos e porcos assados. “Eu gasto de
A rifa da AFRA é vendida pelo “Seu” José Carlos Farias que não gosta muito, mas faz para ajudar os outros. Somente os feirantes podem tentar a sorte e garantir um assado no almoço de domingo. Mas para isso tem que ter coragem, pois como revela o Seu José,“os dois maiores ganhadores da rifa são o Josué e o Pacheco”.
- Tá vendo? Ele (José) chega e joga a rifa aqui na banca com medo de que a gente não queira comprar, mas só aqueles dois é que ganham”, duvida a doceira Adeusir Fornazari. Ela é fruta fresca na feira, faz dois meses que vende doces caseiros na barraca.
- Eles (feirantes) acham que eu faço ‘chucho’. É que os dois compram bastante. – explica.
Com 63 anos, o vendedor de rifas, desde que sofreu um acidente e machucou a coluna, durante a construção de um dos prédios do programa do Governo Estadual, está tentando se aposentar. Ele tem quatro filhos e é casado com a Marilza Farias, 50 anos, que vende artesanato de dez pessoas em uma única barraca.
Os feirantes lucram
- Quanto tá o quilo do alho? - pergunta um senhor de barba grossa que empurra sua bicicleta em meio a multidão.
- Tem de R$11,50...R$9,75 e R$8,80. – responde com voz de feira.
- Beemmm graúdo, hein.- retruca o senhor da bicicleta. O adjetivo foi dado para o alho e para o preço.
O professor de Língua Portuguesa, Milton Martins, que tem dois filhos morando no exterior e um que “não faz nada sem pedir para a mãe”, sempre vai à feira porque acha que os produtos são melhores e mais baratos. “Hoje eu vim apenas para comprar chicória e alho, porque estamos com um peixe no fogo e minha mulher está em casa com umas visitas. Sempre passo um bom tempo na feira, mas hoje estou querendo gastar apenas alguns minutos”, se despede e sai cumprimentando umas pessoas.