22/06/2010

Na terra do futebol tudo é compreendido

Época de Copa do mundo é um barato, ainda mais quando se tem homens e mulheres assistindo aos jogos (dou preferência para os do Brasil) no mesmo metro quadrado.

Faltando meia hora para começar, os rapazes já se posicionam em frente a TV para não perder nenhum comentário inicial ou uma entrevista do interesse deles. Enquanto as moçoilas, não muito longe, comentam da cor do esmalte e da combinação verde e amarela no cabelo, no cinto, na blusinha, no sapato, na pulseira e por aí vai.

Cinco minutos antes do jogo, o narrador começa o seu emocionante discurso (lembrando que o discurso só é emocionante se considerarmos o público). Minutos depois a escalação do time adversário é mostrada na tela e o ti-ti-ti logo ali continua. Em seguida, os nomes dos jogadores da seleção brasileira aparecem no vídeo e começa a correria e os toque toques dos saltos altos.

Sim, elas passam em frente a TV, pedem desculpa, dão um risinho e passam do mesmo jeito. Fazer o quê?

Primeiro tempo do jogo, a primeira falta contra o Brasil e uma delas solta a pérola: “Por que isso aconteceu, ele é tão bonitinho?”.  Sai o primeiro gol, os rapazes se abraçam, pulam no meio da sala (naqueles metros quadrados que disse anteriormente); elas também, mas colocam os pés para cima para não serem pisoteados e não estragar o esmalte.



No segundo tempo, quando o goleiro brasileiro defende o chute do adversário todos vibram pela bola não ter entrado no gol, uma das moçoilas grita histericamente: GOOOOOOOLLLLLLLL!!! (Silêncio geral!). É, foi necessário explicar o que havia acontecido. Mas quando a bola balança a rede adversária, a vibração é imensa, os gritos e as vuvuzelas ultrapassam as paredes e a tal, que havia comemorado antecipada e erroneamente, nem sequer sai do sofá.

Não é uma crítica às mulheres, afinal sou uma delas. São apenas observações. Porém, os homens não ficam de fora. Nos momentos de euforia, eles se beijam, se abraçam, seguram as mãos e depois de toda a alegria voltam com o discurso machista: “Olha lá aquele jogador, será que precisa beijar tanto o outro?”.

No final, o patriotismo é evidente e a reunião vira uma festa interminável. Pelo menos na minha família é assim. Se o jogo tem início às três da tarde, o povo chega às onze da manhã e só vai embora por volta das dez da noite depois ter experimentado a canja.

O Brasil é assim, cheio de pessoas diferentes e ao mesmo tempo iguais. Que venham mais jogos e que venha o HEXA!!