06/09/2010

A vida é assim

Quando pequena eu podia escolher entre brincar com minhas bonecas ou assistir ao desenho animado. Com o tempo, me foi permitido jogar bolinha de gude com meus primos ou andar de bicicleta no quintal de casa. Logo, poderia me dedicar ao teatro com crianças da mesma idade ou estudar música clássica ao lado de músicos conhecidos regionalmente.

Durante estes 10 anos da minha vida, sempre acreditei na minha liberdade, pois me davam opções e, com minha pequena estatura e ingenuidade, apontava para qual atividade gostaria de praticar. No fundo, sabia que havia uma censura, mas não me dava conta disso. Queria mesmo era me divertir, além de estudar e aprender princípios familiares, éticos e morais.

Passados mais cinco anos, tive a oportunidade de trabalhar e continuava a crer que a escolha era minha. Aos dezoito ganhei de presente de aniversário a chance de me locomover com mais facilidade. Num documento estava estampada minha foto, meu número de identificação, nome do pai e da mãe e mais um bocado de informações que naquele instante me faria uma pessoa ainda mais livre, com o poder de escolha ainda maior, mais significativo.


Aos 23, sei que todas as minhas escolhas sempre foram induzidas, direcionadas ao ponto de não querer nenhuma das opções, mas selecionava uma para não ficar sem nada. Porém, algo de bom acontece hoje, mesmo não tendo quase nada, tenho o que eu quero, o que realmente me interessa, aquilo que optei por vontade própria e ainda a certeza, a convicta certeza de que continuo a sofrer e que ser livre não é tão fácil como pressupus.