Por Jaqueline Bueno
A indústria cultural cria necessidades e as ações vindas dela são bem planejadas para as pessoas acreditarem que se estão consumindo algo é porque precisam e não porque lhe impuseram aquilo. Assim tornam-se servis aos seus comandos, movem-se conforme as regras, alienam-se e submetem-se a horas de desperdício de tempo pelo “falso prazer”. Não exercem, de fato, a sua liberdade e se privam de conteúdos enriquecedores, levando a uma visão cada vez mais reducionista e materialista imposta pelo capital, pelas disparidades sociais, culturais e econômicas.
A ideia de ordem e progresso é ideológica, pois não é possível ordenar uma sociedade baseada no imediatismo, no efêmero e muito menos haver um progresso significativo em que a dignidade humana não é colocada em prática.
O filme “Cama de gato” contrapõe essa indústria cultural de caráter político, econômico e social – nessa ordem – que desapropria o saber. Este filme, realizado com uma verba mínima se comparado às produções Hollywoodianas, levanta questões como a violência gerada por uma sociedade excludente, de aparências. Discute ainda a relação entre as pessoas, a falta de ajuda mútua, de controle e de limites. E aponta como uma educação sólida e solidária, com princípios e metas, modifica o pensar e o agir, sem propiciar vantagens apenas “aos mais potentes interesses”, além de apresentar as consequências de atos impensáveis.
A chamada estandardização - padronização dos gostos - é planejada e, intencionalmente, gerada para levar ao consumo, pois quanto mais pessoas consumirem a mesma coisa, haverá menos discussões em torno dessa coisa. Essa falta de consciência leva aos problemas vividos atualmente, como por exemplo, o aumento no índice de pessoas obesas com níveis culturais e financeiros baixos, pois como afirma o pediatra Alessandro Danesi, “comida ruim é barata”.
De acordo com resultados das pesquisas do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília (UnB), apresentados na edição de novembro/2009 da Revista Brasil, “71,6% dos alimentos anunciados na TV são: fast food, guloseimas e sorvetes, refrigerante e suco natural, salgadinho de pacote e biscoito doce ou bolo; e 73,1% dos produtos estão prontos para consumo – a maioria em gordura, sal e açúcar”. Neste caso, não importa a qualidade, mas a aparência e a máxima de que se fulano usa ou consome, terei que usar e consumir para me sentir aceito socialmente e ainda porque não exigirá muito de mim.
Felizmente, se se diz que o “mundo quer ser enganado” teremos que concordar em partes, pois há pessoas deixando de curva-se para o monopólio da indústria cultural e buscando subsídios para que todos percebam a importância de incorporar o espírito de criticidade e de liberdade oportuna
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