05/07/2011

Além das teorias: mobilização social e participação

Em meio a tragédias iminentes, a ações humanas catastróficas, a desigualdades sociais, a exploração e escravidão muitas vezes veladas, a inúmeros casos de surtos psicóticos, conflitos e a complexidade que se instaura em meio ao caos, faz-se necessário tentarmos e buscarmos construir uma unidade. De certa maneira, tal discurso soa um tanto utópico, mas já vivenciamos situações em que a unidade foi uma ferramenta para se encontrar soluções igualitárias, em que há uma valorização das ações do ser humano, onde a participação e a mobilização passaram a ser marcos históricos na sociedade. 

A teorização por si só não resolverá as questões pendentes e as lacunas encontradas nos diversos campos seja político, econômico, cultural e, principalmente, social. Para Gramsci, o homem deve fazer história e não ser apenas parte dela, por isso não se transforma e não se faz revolução somente pelo papel e pela erudição, o ato de pensar deve alicerçar e motivar a prática para um aprofundamento. E podemos entender tal revolução considerando que as mudanças devem ser bruscas e num curto espaço de tempo para que sejam reais e efetivas.

Na sociedade pós-moderna as relações são fragmentadas, a consciência é produzida e reproduzida sem critérios, sem indagações, sem reflexões. Não há uma preocupação para se entender a vida de cada povo, de cada comunidade, apenas se repete aquilo que se prega fazendo com que haja um fortalecimento hegemônico. O conhecimento não pode possuir uma neutralidade, sem uma posição política, assim a comunicação vem ao encontro desta perspectiva para instigar e para transformar, como disse Ciro Marcondes Filho, pois esta ferramenta é utilizada através de um processo, de um crescimento conjunto e contínuo em que se pode identificar a construção da unidade através da igualdade.

Concordamos quando Gramsci diz que é preciso haver uma consciência crítica, por meio do plano ideológico para termos consciência dos problemas e para que haja um consenso social. Encontramos neste ponto, portanto, o intelectual orgânico responsável pelas transformações sociais através da demonstração de uma comunicação instituída para a construção e elevação das classes subalternas dominadas pela burguesia. Consequentemente, isto possibilita um entendimento das pessoas do seu cotidiano, de sua localidade e passa a haver uma organização popular para uma luta de classes.

O estranhamento da realidade é uma maneira de nos movermos, de nos construirmos, a partir do momento que colocamos de lado o impensável e mudamos o foco, quando nos propomos a ter um olhar externo e percebemos que não estamos acostumados com determinadas situações e ações passando a ressignificar as coisas, os acontecimentos e a entender a nossa relação na sociedade como sujeitos fortalecendo, assim, nossos valores e enriquecendo nossos pensamentos para lutar por uma contra hegemonia.

Jaqueline Bueno

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