19/04/2010

A primeira experiência

Por Jaqueline Bueno


O pensamento e a imaginação me fascinam, mas a vontade pelo conhecimento é insuperável. Fico anestesiada. Ainda mais quando essa vontade é tida por crianças e adolescentes. Em meio a poeira e a variedade de exemplares, eu e o presidente da Fábrica da Leitura, Eduardo Reis, conversávamos sobre a hora da entrega do material à Ong Braços Abertos, localizada no bairro Cohab IV em Assis-SP. Porém, não sabíamos o que, de fato, as pessoas esperavam de nós e nem o que nós esperávamos delas.

A placa amarela interditava um pedaço da rua, dentro do salão as crianças ouviam atentas e repetiam as palavras pedidas pelo orientador com sotaque americanizado.

A nossa chegada causou certo estranhamento, seguida de uma dose de curiosidade. Minutos depois, me senti dentro de um furacão de perguntas e frases soltas. A posição se inverteu e me senti acuada. Parei ao lado da mesa onde ficavam os livros e não mexi nem os dedos do pé durante um tempo, apenas o globo ocular acompanhava os movimentos no ritmo do hip-hop tocado dentro do salão.

Mas como diz aquele ditado: “depois da tempestade vem a bonança”. Subitamente, voltei ao estado que chamamos de normal e vi várias crianças sentadas no meio fio e encostadas na parede, e o sol fazia com que as cores das capas gerassem uma luz intensa, uma mistura de atitude, idéias e alegria. Os menores corriam e pediam para a “tia” ler a história enquanto eles observavam as figuras.

De “O menino do dedo verde” até os quadrinhos de “A turma da Mônica”, parecia que havia um acordo firmado entre as linhas negras e os olhos, entre as mãos e o papel, entre a mente e a informação.

*A Fábrica da Leitura é uma associação de incentivo à leitura. Sua sede fica na cidade de Assis, interior de São Paulo.

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